3o Setor | Instituições

Casa 1
Site Oficial: https://www.casaum.org/institucional/
Descrição/Trajetória:

Fundada em 2017, a Casa 1 é um projeto de sociedade civil que acolhe jovens LGBT+ entre 18 e 25 anos que foram expulsos de casa pela família, por causa de suas orientações afetivas sexuais e identidade de gênero. O trabalho corre em paralelo às atividades do Centro Cultural (espaço de 400m², onde são realizadas atividades socioeducativas e atendimento ao público) e da Clínica Social (local com 10 salas para atender, individualmente, até 120 pacientes por mês e realizar 40 plantões de escuta), com todos os serviços ofertados gratuitamente. A residência funciona como casa de passagem para jovens que ficaram sem um teto. Durante o tempo de estadia de quatro meses, são trabalhadas questões de saúde clínica, mental, educação e empregabilidade. No total, são ofertadas 20 vagas. Financiado coletivamente via plataforma Benfeitoria (mobilização de valores entre R$ 10,00 e R$ 140,00 para projetos de impacto cultural, social, econômico e ambiental) e doações gerais (roupas e objetos) o projeto conta com ações pontuais de marcas, mas optou por investir constantemente nas doações de pessoas físicas, para poder estabelecer uma política de atendimento sem amarras. Disponível em: https://www.casaum.org/institucional/. Entre as várias iniciativas empreendidas pela Casa 1, merece destaque o Escuta Candidata, projeto de enfrentamento às desigualdades de representação de mulheres na política institucional pelo eixo do cuidado e da saúde mental, em especial de mulheres negras (de todas as identidades de gênero e orientações afetivo-sexuais) e mulheres LBTI+ (de todas as raças/etnias). O trabalho foi desenvolvido durante as eleições de 2020, sob a coordenação da Clínica Social Casa. Em novembro de 2021, o Casa 1 divulgou o relatório final do projeto. Algumas conclusões a respeito da problemática da violência política são relevantes para entender o relatório final do Escuta Candidata:
1) Devido ao número restrito de respostas, não se pode estabelecer muitas correlações entre as informações. Porém, as conclusões servem como indicativos que apontam questões que precisam investigação mais ampla e sistemática.
2) Obteve-se 49 questionários válidos respondidos que totalizam 63% das mulheres atendidas pelo projeto. A maioria dos atendimentos foram realizados com mulheres negras (pretas e pardas), que compreenderam 63% das respondentes, majoritariamente mulheres cisgêneras. Delas, 59% relataram ter sofrido algum tipo de violência dentro do partido e 78% relataram algum tipo de violência durante a campanha.
3) Nas descrições realizadas pelas respondentes, a violência de gênero aparece, mesmo que não nomeada dessa forma, na maioria dos relatos.
4) Na questão com opções descritas de violência para serem selecionadas pelas respondentes, o acúmulo de funções na campanha (74%), comentários depreciativos por serem mulheres (68%), ataques virtuais, acúmulo de trabalho doméstico e de cuidado durante a campanha (50%) e desigualdade de recursos com relação a outros candidatos (42%), foram as violências mais apontadas pelas respondentes.
5) Ainda quando as respondentes assinalaram não sofrer violência durante a campanha, ao menos uma das alternativas de tipos de violência foi escolhida. Isso indica que as situações descritas talvez não fossem reconhecidas por elas como violência.
6) O processo de reconhecimento e nomeação das violências foi também indicado nos relatos das psicólogas como fator importante nos espaços de escuta. Disponível em: https://www.casaum.org/relatorio-escutacandidata/.
Projetos relacionados:

Projeto Escuta Candidata.