3o Setor | Projetos

Justiça de Gênero na Indústria da Moda
Instituição: Instituto C&A
Acesse o Projeto: https://metoobrasil.org.br/sobre-nos
Formato: Análise de dados
Descrição:

A “Série Dados e Fatos: Justiça de gênero na indústria da moda”, criado em 2019, nasceu por iniciativa do Instituto C&A, que teve seus projetos encampados e continuados pela Laudes Foundation. O documento condensa uma coletânea de informações a respeito de dados e fatos relativos às condições de trabalho da indústria da moda: (1) Informalidade; (2) Justiça de gênero; (3) Trabalho análogo à escravidão; e (4) Trabalho infantil. O estudo parte do levantamento encomendado pelo Instituto C&A a consultoria Papel Social, que consultou diversas fontes nos principais polos da indústria da moda no Brasil.
O levantamento indica que a indústria da moda é composta, predominantemente, por mulheres, embora haja carência de dados que retratem o perfil desse gênero. Entretanto, é conhecida que a realidade de muitas delas é repleta de discriminação e violência em diversos ambientes, inclusive no trabalho. Os analistas afirmam que o problema reflete fenômenos mais amplos, como o desequilíbrio de poder entre mulheres e homens, e acreditam que para transformar efetivamente a indústria da moda, é preciso grantir e ampliar os direitos das mulheres. “E conhecer o contexto e a situação das mulheres que trabalham neste segmento da economia é condição essencial para atingir tais objetivos”, indicam os especialistas da consultoria, que afirmam: “transformar a indústria da moda em um setor mais justo e sustentável passa, inevitavelmente, pela união de esforços de todas as pessoas e instituições que dela participam”.
PERFIL do setor.
De acordo com o Censo Demográfico 2010, 2,6 milhões de pessoas trabalhavam, naquele ano, no complexo têxtil, vestuário, couro e calçados. Desse total, 1,2 milhão atuava na informalidade. Já uma coleta de dados mais recente (2017) apontou que o contingente de trabalhadoras e trabalhadores formais empregados diretamente, apenas nos setores têxtil e de confecção, era de 1,5 milhão de pessoas; podendo chegar a 8 milhões se considerados os empregos indiretos em períodos de contratação de mão de obra temporária. Citando dados da Associação da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o estudo do Instituto C&A/consultoria Papel Social, afirma que a montagem de peças de roupas ainda é uma tarefa intensiva em mão de obra bastante dependente da relação costureira/máquina de costura. No Brasil, considerando a análise sobre gênero na indústria da moda, dados do setor (indicados pelo Censo Demográfico 2010) mostram que 69,2% das pessoas que
trabalhavam na indústria eram do sexo feminino.
FATOS: trabalho informal
Ainda com base na investigação desenvolvida pelo Instituto C&A / consultoria Papel Social, trabalhadoras informais “sempre estão em condições vulneráveis”, porque além de não terem acesso os direitos trabalhistas (limite de jornada de trabalho, pagamento de hora extra, férias, aposentadoria, etc.), ainda estão sujeitas à violação de direitos humanos. Em situações extremas, denuncia o estudo, o trabalho informal nas oficinas de costura irregulares pode levar a casos de assédio e violência sexual por parte dos contratantes, principalmente quando se tratam de mulheres imigrantes. É o que denunciam o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (Cami) e a Missão Paz, de São Paulo (SP).
AÇÃO para mudar
Estabelecendo metas com a finalidade de “transformar a moda numa força para o bem”, o Instituto C&A, compromete-se a aplicar uma “lente” na cadeia produtiva, apoiando iniciativas que promovam a voz, a liderança e a equidade de gênero, de maneira a assegurar e ampliar os direitos das mulheres. Os projetos contemplados pelo Instituto C&A devem priorizar asseguintes diretrizes: (1) Formação de lideranças de mulheres no campo da justiça de gênero. (2) Aprendizagem colaborativa por meio de alianças, redes e formação e abordagem programática intersetorial. (3) Ações de incidência política para melhoria de normas, políticas e práticas empresariais relacionadas à equidade de gênero. (4) Ações de combate à violência de gênero na cadeia produtiva da moda. (5) Envolvimento de homens e meninos como agentes de mudança.